Tudo resume-se a um terraço. Desde o começo (precedente à subida) era a magia do inexplorado, perigoso, da vontade, ou uma personificação do alcance que desejávamos. Saí de portas antigas, para entrar em outras, e subi os primeiros andares, ainda só. Primeiro, segundo, até que parei. A encontrei, me encontrando em um quarto, que encontrava paredes. E ali fiquei - por pouco tempo, logo decidindo subir, ir além. Atravessaram tabus, portas, andares, quarto(s), quinto, sétimo, décimo... Mal lembro quantos foram, apenas sei que não bastaram. Precisaram de novas certezas, novas escadas, externas e verticais, envoltas por ferros frágeis, esguios, gelados. Escorregadios em meus dedos úmidos e nervosos - assim enfrentados. Já era possível sentir a brisa nas canelas, o vento que bagunçava os cabelos e nos arrepiava, forçava-nos a subir. Conforme pisavam, pisoteavam os medos, os ignoravam, degrau por degrau. A vista, ao passo que o futuro, tornava-se real, contemplada, contemplado. Abstraímos o frio, transformando-o em brasa, brasa jamais cinza. Tornou-se preto, uma ausência de luz ainda sim colorida, uma escuridão clara, cintilante, como a imagem da chegada, após todo o esforço: um céu estrelado, áureo e vívido como nunca. "Valeu a pena." - pensou consigo mesma. Ainda haveriam fios e antenas pelo caminho; ainda haveria inveja, preconceito, o drama e a fragilidade de onde estavam, tão próximas do abismo, mas ainda mais perto das estrelas, estas, infinitas. Enquanto os colares se quebram e as flores murcham. Independente do tempo, das mudanças, da distância. Infinitas. E então revelamos o amor, relevamos a dor; ora com as mãos, ora de escada, ora de elevador.