aquela procrastinação cibernética não me distraía mais desde certa madrugada e o placebo da vez tornaram-se as tardes com livros e sucos-de-todas-as-frutas-do-cardápio na mesa dos bancos altos. 3.50 num bolso, cigarro no outro, e o caderno de poemas disfarçadamente nas mãos. sentava na calçada arrancando e picotando os papéis, já que sabia não ter nada de interessante dentro de casa. sob a recém primavera chuvosa, os úmidos pedaços fugiam com o vento. o meu guarda-chuva não abre só para um e ainda não deu tempo das árvores florescerem, portanto, desprotegidos chão e pés, poças iam virando rios e eu lembrava que entra água na minha alpargata velha. à efeito do caos, pensei ter visto chama ou até verão quando uma luz forte a la cem graus celsius me atingiu, mas era estrela-cadente que descia correndo - como se para me entregar, urgentemente, a resposta que precisava. a roupa molhada me arranjava um resfriado. um som no fone direito e outro no esquerdo disputavam aos berros os meus tímpanos (trovoadas com gosto de maçã com casca). os papéis caíam, os papéis partiam. os papéis se invertem. e eu não vejo a hora dessa estrela-cadente aterrissar.
4.10.10
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Li seu blog e acho que você tem talento, escritoras curiosas estão na moda, PARABÉNS!
ResponderExcluirse eu fosse vc aproveitava todo o caminho da estrela cadente, às vezes é a agonia que mantém a gente respirando, acho
ResponderExcluirVc escreve muito bem... Não tenho nem palavras...
ResponderExcluirCada dia mais queria estar do seu lado...